Cuidado! Este texto contém alguns SPOILERS leves.
O novo episódio da saga Star Wars chegou aos cinemas. Dirigido por Rian Johnson Os últimos Jedi une ação, leveza e dá uma pitada de inovação para a icônica franquia.
Sem perder sua identidade, o longa apresenta cenários deslumbrantes e enquadramentos que parecem quadros. O visual e a fotografia são construídos minuciosamente, usando bastante os tons de vermelho para destacar os conflitos dos personagens.
Apesar de ser o episódio VIII, este filme é a segunda parte da trilogia centrada em Rey, portanto, é compreensível que sua trama seja muito mais centrada no desenvolvimento de seus personagens. O paralelo traçado entre Rey e Kylo Ren é um dos pontos mais altos da trama. Enquanto ela busca compreender quem é e qual seu lugar através da esperança e do otimismo, ele quer destruir tudo o que o fez ser Kylo Ren.
Aliás, arrisco dizer que Ben solo é um dos personagens mais complexos de toda a saga. As nuanças de sua personalidade são tão bem desenvolvidas aqui que fazem com que o personagem possa traçar vários caminhos diferentes e criveis. Sua redenção é possível através da identificação com Rey, mas sua alma já está tão corrompida que a transformação em um vilão completo também se encaixa na trama. O fato de não sabermos para onde o personagem irá no próximo episódio torna tudo ainda mais empolgante. Adam Driver merece créditos por seu trabalho, afinal, Kylo Ren é um vilão que poderia cair facilmente na raiva caricata, mas o ator consegue deixar sua dor e conflito reais. Na verdade, todo o elenco novo é muito bom, Daisy Ridley e Oscar Isaac também estão em suas melhores fases. A narrativa que envolve Poe Dameron e a Holdo é muito interessante ao ter uma quebra de expectativa quando mostra que nem sempre os mais velhos estão errados.
O único personagem que não tem um arco tão bom quanto o explorado em O despertar da força é Finn, apesar de sua aventura com Rose mostrar um lado da guerra que ainda não havia sido explorado na saga (os interesses financeiros), as sequências dos dois poderiam ser um pouco encurtadas para favorecer os outros. Apesar de ambos serem extremamente carismáticos e possuírem química, o plot não contribuí em muito para a trama principal. principalmente com a introdução do personagem de Benecio Del Toro, que parece estar lá só para evocar a lembrança de Lando Clarissiann em O Império Contra Ataca, afinal, são dois traidores.
E por falar nos personagens antigos, Mark Hamill entrega sua melhor interpretação de Luke Skywalker. Cansado, desacreditado e… bem… de saco cheio de tudo. Apesar de limitado, seu sofrimento aqui convence muito mais do que na trilogia clássica e é muito satisfatório ver como o ator evolui com o tempo. Quanto a Carrie Fisher, é difícil avaliar sua atuação enquanto ainda estamos com a sua perda recente em nossos corações. Ver o rosto de Leia é sempre emocionante.
É notável também como Os últimos Jedi consegue expandir o universo, trazendo várias criaturas novas, como os engraçadinhos Porgs e as bonitas raposas de cristal, sem prejudicar o andar do filme. As criaturas fazem parte dos ambientes, não são como os Ewoks do episódio VI por exemplo, que tiravam muito tempo da trama para si quando não tinham muito a oferecer. Agora, as espécies compõem o mundo como um adicional e não como algo essencial.
Star Wars: Os últimos Jedi consegue inovar em trazer complexidade para a trama e atingir uma excelência técnica que vai fazer os fãs transformarem cada cena em um lindo wallpaper sem perder a essência da franquia e, mesmo que seja um pouco mais arrastado do que alguns de seus antecessores, a viagem para essa galáxia tão distante é tudo o que os fãs precisam.
Nota: 09/10