ESPECIAL DIA DA MULHER :: The Handmaid’s Tale nos representa, (in)felizmente

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Ser mulher. Como é possível explicar o que pode significar ser mulher hoje? Como levar as pessoas a entenderem tudo a que somos submetidas, as infinitas formas a que somos subjugadas? Não se trata de uma tarefa simples quando se vive numa sociedade machista e misógina.

Assim como em tantos exemplos no cinema, a distopia pode ser um prenúncio do “futuro próximo” também nas séries. E é exatamente isso que podemos observar em The Handmaid’s Tale, mas com um “quê” a mais: a representatividade feminina. E em mais de um aspecto.

De origem estadunidense e baseada no romance O Conto da Aia, de Margaret Atwood, a produção tem representatividade começando pela temática em si. Uma sociedade distópica, em que a infertilidade leva parte das mulheres a tornarem-se escravas sexuais de toda uma sociedade, com o único objetivo de garantirem a continuidade da espécie, manterem a prole. E pasmem, elas ainda devem se sentir abençoadas por isso. Pode? No universo da série sim. E por quê não em nossa sociedade, dadas as proporções?

Seguida da temática central, temos a representatividade pela atuação, começando pela protagonista, Elizabeth Moss (Offred), já tão consagrada em Mad Men, como Peggy Olson, mostrando agora ainda mais amadurecimento na missão que lhe foi dada.

E não só no sentido de “cumprir tabela”, já que a série é sobre mulheres, mas cada personagem feminina, cada uma, em seu contexto, tem suas particularidades: suas forças, suas fraquezas e, principalmente, o peso de estarem onde estão, de serem submetidas ao que são, pelo simples fato de serem mulheres.

Em princípio muito subjetiva e distante do que podemos ter como realidade, The Handmaid’s Tale não deve ser subestimada assim. Arrisco a dizer que nos serve à mesa uma faca dois gumes: viva! Temos mulheres aparecendo de fato, mostrando a que vieram e dividindo de forma tão real suas angústias na ficção. Por outro lado, pleno século XXI, e a realidade se encaixa tanto a uma distopia inventada (ou um quase retrato da realidade?).

Que continuemos valorizando e acompanhando a representatividade feminina em filmes e séries, mas que ainda possamos ter diferentes realidades apresentadas na ficção, sendo retrato de mudança da sociedade. Mudança para melhor. Sigamos juntas e onde quisermos estar, por toda parte, inclusive no cinema.

 

 

 

Texto escrito por Gabriela Brack, 23 anos, jornalista e feminista

 

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