HOLLYWOOD :: O que é real e o que é ficção na nova série da Netflix?

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Estreada no dia 1° de maio, ‘Hollywood‘ a nova série da Netflix, vem aflorando os ânimos e aguçando a curiosidade da galera. Criada pelos aclamados Ryan Murphy e Ian Brennan, os quais são responsáveis pelo sucesso de ‘Glee’, ‘Scream Queens’ e ‘The Politician’; o drama retrata a vida por trás dos holofotes. Mostrando que o glamour que vemos nas “telonas” nunca é regado à harmonia, fama e luxo. E sim de barreiras extremamente difíceis de serem quebradas. Revelando tabus, preconceitos e discriminações vivenciadas por muitos que anseiam traçar tais caminhos até hoje.

 Situada no contexto da Segunda Guerra Mundial, cada personagem se destaca lançando luz sobre como seria a representatividade na Era de Ouro do cinema Norte-Americano. A reimaginação da mais famosa indústria cinematográfica vem repleta de exageros e sinuosidades representadas através de fotografias incríveis.

Seria impossível retratar tais eventos sem sequer fazer uma alusão ao que realmente aconteceu. Logo, inspirado nos grandes atores Rock Hudson, Henry Wilson, Anna May Wong, Hattie McDaniel e Eleanor Roosevelt, Ryan Murphy coloca-os na trama de maneira graciosa. Porém, é claro que não há tanta veracidade nos fatos abordados e é por isso que mostraremos a seguir o que de fato aconteceu e o que é “magia Hollywoodiana”.

ROCK HUDSON – JAKE PICKING

Em Hollywood, Rock Hudson é interpretado por Jake Picking (Sicário: Dia do Soldado, com uma personalidade sensível. No mundo real, Rock Hudson foi um dos maiores galãs de Hollywood, que estrelou mais de 70 produções e foi indicado ao Oscar por seu papel em Assim Caminha a Humanidade (1956). Hudson foi descoberto pelo agente Henry Willson que lhe batizou com esse nome.

Em seu primeiro teste para um papel, Rock teve que fazer uma cena 27 vezes até acertar apenas uma linha de diálogo.

Boatos de sua homossexualidade sempre circularam durante sua carreira e eram controlados pelo seu agente, até que em 1955 Hudson se casou com a secretária de Wilson, Phyllis Gates, para desviar atenção dos relatos. O casamento durou três anos.

A única grande diferença entre o Rock Hudson real e o fictício é que ele nunca se assumiu gay. Sua sexualidade só foi revelada após sua morte por complicações relacionadas à aids em 1985, sua doença foi reportada pela mídia, fazendo com que ele tenha se tornado uma das primeiras celebridades que teve seu diagnóstico divulgado.

HENRY WILLSON – JIM PARSONS

Interpretado por Jim Parsons (Big Bang Thoery). Os relatos sobre Willson são bastante condizentes com o que é retratado no início da série. O agente de talentos era conhecido por um portfólio de atores galãs e de aparência musculosa, que incluía Rock Hudson, Troy Donahue, Ty Hardin, Tab Hunter, entre outros. Willson, abusava de seus clientes e tinha conexões com máfias. Quando sua homossexualidade se tornou assunto público em Hollywood, já no fim de sua vida, Willson perdeu seus clientes, que tinham medo de se associar com o agente. Willson sofreu de alcoolismo e abuso de substâncias e morreu em 1978, de cirrose, sem dinheiro para cobrir custos funerários. Ele realmente era o agente de Hudson.

A biografia O Homem que Inventou Rock Hudson: Os Rapazes Bonitos e Negócios Sujos de Henry Willson descreve muito do comportamento retratado em Hollywood, como o fato dele se aproveitar de muitos jovens que sonhavam com o estrelado no cinema.

“Henry Willson foi um dos grandes monstros da história de Hollywood”, disse Ryan Murphy.

No entanto, o verdadeiro Henry Willson teve um final muito menos feliz do que seu personagem na minissérie da Netflix. Em Hollywood, Willson procura ajuda para seus vícios e comportamento predatório, entrando em um relacionamento saudável e produzindo o primeiro filme gay convencional.

Na realidade, porém, Willson lutou contra o abuso de substâncias até o final de sua vida, tendo sido denunciado por muitos de seus próprios clientes após a revelação de sua sexualidade.

ERNIE WEST (INSPIRADO EM SCOTTY BOWERS) – DYLAN MCDERMOTT

O personagem de Dylan McDermott é um caso à parte em Hollywood, uma vez que Ernie West, um dono de um posto de gasolina chamado de Gold Tipe, não existiu, mas a figura é inspirada nas memórias de um sujeito chamado Scotty Bowers. Veterano da 2ª Guerra, Bowers foi dono de um posto de combustível que funcionava como se vê na série, e foi descrito no livro publicado por ele mesmo em 2013,” Full Service: My Adventures in Hollywood and the Secret Sex Live of the Stars”.

Bowers descreve que seus clientes incluíam Katharine Hepburn, Vivien Leigh, Bette Davis e Cary Grant, mas seus relatos nunca foram comprovados. Seu encontro com Vivien Leigh na casa de George Cukor também é descrito no livro do mesmo modo que é retratado na série “via Vulture”.

PEG ENTWISTLE

Uma figura que nunca aparece em Hollywood mas é uma das mais citadas é Peg Entwiste, a aspirante atriz que se jogou do H do sinal de Hollywood  aos 24 anos. Entwistle, como é dito diversas vezes na série, tem uma história trágica. Ela atuou em diversas peças e seu talento como atriz era aclamado, principalmente quando contracenou com Humphrey Bogart e Billy Burke no teatro, chamando atenção do produtor David O. Selznick. Apesar de insistência de Selznick, Entwistle teve dificuldades em conseguir um papel na telona, mas no início dos anos 30 ela foi escalada no elenco de Thirteen Women. Como retratado na minissérie, Peg tirou a própria vida depois que a maioria de suas cenas foram cortadas do filme. O bilhete que deixou escrito antes de se matar é exatamente igual ao mostrado em Hollywood.

Entwistle não tinha um namorado carinhoso, foi casada por dois anos com o ator Robert Keith, mas conseguiu divórcio alegando abuso e crueldade doméstica por parte dele.

Da mesma forma que Ryan Murphy tentou dar um final alternativo a Anna May Wong e Rock Hudson, Hollywood mostra Archie reimaginando a história de Peg, por ela finalmente não se matar, decidindo que isso seria mais empoderador para as jovens que assistissem o filme.

ANNA MAY WONG – MICHELLE KRUSIEC

Anna May Wong, interpretada por Michelle Krusiec em Hollywood,é uma das personagens com o arco mais comovente da série. A atriz, considerada a primeira grande estrela chinesa americana de Hollywood, passou grande parte de sua carreira em busca de um papel que se afastasse dos estereótipos de raça de Hollywood, mas era repetidamente escalada em papéis como a mulher exótica, ou misteriosa e enganadora. Enquanto a série de Ryan Murphy busca dar à Wong um final feliz, ela passou por enumeras “guerras” ao longo de sua jornada.

A maior delas aconteceu durante a seleção de atores para o filme Terra dos Deuses, de 1935, produção centrada em uma família chinesa, que é inclusive repetidas vezes mencionada na série. Wong buscava o papel da protagonista O-Lan desde a publicação do livro no qual o filme seria adaptado, em 1931, e sua escolha era apoiada pela mídia. No entanto, quando o europeu-americano Paul Muni foi escolhido para viver o marido da personagem, Wang Lung, a escalação de Wong se tornou impossível. Naquela época, era proibido qualquer beijo interracial nas telas, e o papel de O-Lan foi para a atriz branca Louise Renner, que inclusive ganhou um Oscar pelo trabalho.

Como aconteceu com Rock Hudson, parte da história de Anna May Wong em Hollywood se desenrolou exatamente na vida real. Infelizmente,a verdadeira carreira cinematográfica de Anna May foi bem diferente da mostrada na minissérie.

“Eu estava tão cansada das peças que tive que interpretar”, ela disse ao Film Daily, em 1933. “Por que a chinesa é quase sempre a vilã. E um vilã tão cruel. Assassina, traiçoeira… Uma verdadeira cobra. Não somos assim. Fiquei tão cansado de tudo isso.”

No final, a personagem se torna a primeira mulher de ascendência chinesa a ganhar um Oscar por atuação, embora, na realidade, isso seja algo que ninguém tenha conseguido até hoje. Felizmente esse ano tivemos um filme asiático vencedor da categoria, “O Parasita” ganhou o público com o enredo de sua trama.

HATTIE MCDANIEL – QUEEN LATIFAH

Hattie McDaniel , interpretada por Queen Latifah (Chicago). A primeira mulher negra a ganhar um Oscar, por seu papel como Mammy em “ E O Vento Levou”, McDaniel é retratada em sua intimidade em Hollywood por causa dos boatos de sua bissexualidade (nunca comprovados) mas ela também serve como mentora da personagem de Camille, principalmente pela triste história de sua presença no Oscar. McDaniel ficou em uma mesa afastada da premiação da qual saiu vitoriosa em 1940, sentando em um depósito onde as estatuetas eram armazenadas, porque o hotel que promoveu a cerimônia não permitia a entrada de negros no local. Ainda, ao contrário da história fictícia de Hollywood, foram mais 50 anos até que uma outra mulher negra levasse a estatueta (quando Whoopi Goldberg ganhou por Ghost em 1990).

Apesar de parecer relativamente ativista na série de Murphy, McDaniel foi, na realidade, diversas vezes criticada por sua falta de posicionamento político, e era acusada de perpetuar estereótipos pela quantidade de empregadas domésticas que interpretou em sua carreira.

Em Hollywood, Queen Latifah interpreta Hattie McDaniel, a primeira mulher negra a ganhar um Oscar, contando a história chocante de sua noite na cerimônia de entrega do prêmio.

Foi quase a mesma coisa que aconteceu na realidade. A principal diferença é que Hattie foi autorizada a entrar na sala para a cerimônia, mas ela foi proibida de se sentar com seus colegas de elenco de E o Vento Levou.

VIVIEN LEIGH – KATIE MCGUINNESS

A protagonista e de “E O Vento Levou”, Vivien Leigh, também tem seus momentos em Hollywood, que incluem uma recriação das falas da personagem Scarlett O’Hara logo na primeira cena do clássico. Interpretada por Katie McGuinness, a atriz é retratada em Hollywood como uma diva frágil, prestes a ter um ataque de nervos, que foi retirada do relato de Scotty Bowers no livro Full Service. A interpretação até que faz sentido com a realidade, já que Leigh sofria de transtorno bipolar. Em Hollywood, a atriz aparece logo após seu grande papel..

O jantar de George Cukor é o primeiro lugar que nos é apresentado a verdadeira lenda de Hollywood, Vivien.

Na vida real, Vivien era amiga de George, mantendo-se próxima mesmo depois que ele foi substituído como diretor do agora clássico filme, incluindo uma reunião com ele para obter dicas sobre como ela deveria se apresentar como Scarlett O’Hara.

Durante o episódio, ela fala sobre um novo papel, o de Blanche DuBois na versão cinematográfica da peça Um Bonde Chamado Desejo (1951), de Tennessee Williams. Atuação que lhe renderia seu segundo Oscar.

ELEANOR ROOSEVELT – HARRIET SANSOM HARRIS

A Primeira Dama Eleanor Roosevelt também foi retirada da vida real. Esposa do presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt (que serviu entre 1933 a 1945), ativista, diplomata e delegada da ONU, na série a Primeira-Dama aparece para incentivar a escalação de Camille em Meg. Enquanto nada do tipo realmente aconteceu em sua vida, Roosevelt teve um caso de interferência na indústria de Hollywood. Em 1940, Roosevelt incentivou seu filho, James (que trabalhava na United Artists), a distribuir o filme britânico e anti-nazismo O Mártir nos EUA, porque outras produtoras o consideraram controverso demais.

Seria ingênuo imaginar que, como a personagem da série faz em seu discurso, a Primeira-Dama realmente poderia considerar o cinema mais importante do que o governo na mudança da sociedade. Mas em 1947, Roosevelt escreveu sobre a importância do setor para a disseminação de idéias. Na série, Eleanor Roosevelt é interpretada por Harriet Sansom Harris, que atuará como a Primeira Dama também em sua próxima série, Atlantic Crossing.

GEORGE CUKOR – DANIEL LONDON

A série traz uma coleção de personagens coadjuvantes que representam pessoas reais, principalmente quando caminha pelos corredores da festa promovida por George Cukor. O diretor, vencedor do Oscar por Minha Bela Dama, era conhecido por suas festas luxuosas, que contavam com a presença de diversas celebridades e jovens rapazes, trazidos de diferentes locais. Interpretado na série por Daniel London (O Relatório) Cukor era secretamente gay e dirigiu uma série de clássicos do cinema, como À Meia-Luz e Nasce Uma Estrela, a versão com Judy Garland.

Grande parte da ação no terceiro episódio de Hollywood gira em torno de um jantar na casa do diretor de cinema, onde as coisas mudam um pouco quando todos terminam de comer.

Uma diferença crucial entre as partes reais e ficcionais, porém, é o consumo de álcool. Na verdade, George não bebia muito e era difícil encontrar álcool em suas festas na piscina.

TALLULAH BANKHEAD – PAGET BREWSTER

Nas festas de George Cukor, uma das celebridades que mais se destaca em Hollywood é Tallulah Bankhead, atuada na série por Paget Brewster (Community). Conhecida principalmente por seu papel em Um Barco e Nove Destinos, de Alfred Hitchcock, Bankhead era conhecida por sua defesa por direitos civis e por falar abertamente de questões consideradas tabu, como sua própria sexualidade.

NOËL COWARD – BILLY BOYD

O dramaturgo, ator, diretor, cantor e compositor Noël Coward aparece em Hollywood interpretado por Billy Boyd (O Senhor dos Anéis), também na festa de George Cukor. Na vida real, também secretamente homossexual, Coward escreveu inúmeras peças, como The Vortex, Hay Fever e Vidas Íntimas, e ganhou um Oscar honorário por Nosso Barco, Nossa Alma, produzido, dirigido e atuado por ele.

MICKEY COHEN – FRANK CRIM

Em uma cena curta, o agente Henry Willson é visto conversando com um sujeito suspeito, responsável por fazer o escândalo da ACE Studios sair de publicação. Aquele rapaz no restaurante é Mickey Cohen, interpretado por Frank Crim (How I Met Your Mother). Cohen é conhecido como um ex-boxeador que se tornou gângster, e comandou a máfia de Los Angeles.

A situação toda, inclusive, de Willson e seu “jeitinho” para tirar certas matérias dos jornais, também é conhecida em Hollywood. Supostamente, o agente trocou escândalos de seus ex-clientes – Rory Calhoun e Tab Hunter – para impedir que a imprensa circulasse matérias de que Rock Hudson era gay.

LUISE RAINER – CAMILLE NATTA

Luise Rainer, conhecida como a primeira atriz a ganhar mais de um Oscar, é interpretada em uma curta cena de Hollywood por Camille Natta (Kissing Strangers). De origem alemã, Rainer venceu o Oscar por Terra dos Deuses, longa em que interpretou uma mulher chinesa (sua outra estatueta foi por Ziegfeld, o Criador de Estrelas). Rainer é um caso peculiar da indústria, já que desde seu 2º Oscar nunca mais conseguiu um papel de destaque.

GUY MADISON – ANTHONY COONS

O ator Guy Madison aparece em Hollywood interpretado pelo iniciante Anthony Coons, em uma curta cena em que discute sua forma física com o agente Henry Willson. Madison é conhecido por protagonizar a série Adventures of Wild Bill Hickok entre 51 e 58 e ganhou um Globo de Ouro especial por Melhor Estrela do Faroeste em 1954.

IRVING THALBERG – TIMOTHY DVORAK

Quando Dick Samuels (Joe Mantello) relembra a história de escalação de Terra dos Deuses, ele cita o influente produtor Irving Thalberg, que aparece na tela interpretado por Timothy Dvorak (A Garota do Tempo). Um dos pilares do estúdio MGM, Thalberg foi responsável por diversas produções do estúdio e na formação de dezenas de estrelas, incluindo Joan Crawford, Clark Gable e Greta Garbo.

GEORGE HURRELL – AIDAN BRISTOW

O lendário fotógrafo das estrelas de Hollywood, George Hurrell também aparece na série de Ryan Murphy, interpretado por Aidan Bristow (American Horror Story). Hurrell foi levado à MGM por Irving Thalberg e ajudou a criar o imaginário de glamour de Hollywood com fotos cheias de sofisticação e brilho. Sua carreira inclui fotografias glamourosas de estrelas como Robert Montgomery, Jean Harlow, Joan Crawford, Bette Davis, Errol Flynn, Olivia De Havilland, Lauren Bacall e Humphrey Bogart. Mais tarde em sua carreira, Hurrell foi responsável por fotos de capas de álbuns do Tom Waits (Foreign Affairs), Queen (The Works) e Paul McCartney (Press to Play).

HEDDA HOPPER (HOLLY KAPLAN) E ROBERT MONTGOMERY (MITCH EAKINS)

Estas duas personalidades tem pouco em comum, mas aparecem uma ao lado da outra durante a cerimônia do Oscar do último episódio. A jornalista Hedda Hopper, interpretada por Holly Kaplan (Better Call Saul), escrevia colunas de fofoca e era uma das grandes defensoras da Lista Negra de Hollywood, que censurava o trabalho de atores considerados simpatizantes da esquerda. O ator Robert Montgomery, por sua vez, interpretado por Mitch Eakins (#FreeRayshawn), conseguiu entrada em Hollywood ao contracenar com George Cukor em uma peça, e foi indicado ao Oscar duas vezes em sua carreira, por Que Espere o Céu e A Noite Tudo Encobre. Ele também era um grande defensor do Comitê de Atividades Anti-americanas dos EUA, que investigava cidadãos e suas ligações com o comunismo.

CELEBRIDADES NA CERIMÔNIA DO OSCAR

Personalidades reais que aparecem na festa do Oscar de Hollywood, mas não recebem grande destaque são Loretta Young (Ashley Wood), Ernert Borgnine (Michael Saltzman), George Murphy (Brett Holland), Susan Hayward (Marie Oldenbourg) e Donald Crisp (David Gilchrist). Todos estes nomes receberam uma estatueta após os fictícios eventos de Hollywood. Murphy recebeu um Oscar honorário em 1951, Crisp levou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Como Era Verde o Meu Vale em 1942, Borgnine ganhou como Melhor Ator por Marty (1955) e Hayward, depois de quatro indicações, levou o Oscar de Melhor atriz por Quero Viver! em 59.

Loretta Young, por sua vez, recebeu o Oscar em 1948 pela atuação em Ambiciosa. É interessante que em Hollywood Young apareça indicada exatamente por este filme, mas nos eventos da série, ela perde a estatueta para a personagem Camille Washington.

Hollywood termina com uma versão reimaginada do Oscar de 1948. Embora Peg tenha varrido o quadro de premiações na minissérie, a premiação daquele ano foi bem espalhada.

Halle Berry se tornou a primeira (e, lamentavelmente, única) mulher negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz em 2002, por A Última Ceia.

Ela, aliás, mencionou isso em seu discurso de aceitação na época, dedicando sua vitória a “todas as mulheres negras sem nome e sem rosto que agora têm uma chance, porque esta porta foi aberta”.

No entanto, em 2016, ela disse: “Eu acreditava de todo coração que isso iria provocar mudanças, que essa barreira havia sido quebrada. E ver, 15 anos depois, que nenhuma outra mulher negra superou essa barreira é de partir o coração. Pensei que aquele momento era maior do que eu. Talvez não tenha sido.”

COLE PORTER – DARREN RICHARDSON

Descrito perfeitamente por Ermit como “o tesouro nacional Cole Porter”, o músico aparece apenas por um relance, como um cliente recusado pelo personagem de Jack Costello (David Corenswet). Interpretado na série por Darren Richardson (The Baxters), Cole Porter compôs algumas canções universalmente conhecidas, como “Night and Day”, “I Get a Kick Out Of You” e  “I’ve Got You Under My Skin”. Sua homossexualidade era conhecida, mas ele foi casado desde 1919 até a morte de sua esposa Linda Lee Thomas em 1954. Ele era conhecido por uma vida luxuosa e extravagante, cheia de festas escandalosas por atividades bissexuais, homossexuais e drogas recreativas.

A FICTÍCIA PERSONAGEM DE MIRA SORVINO, JEANNE CRANDALL

Existe uma personagem peculiar em Hollywood, com uma história tão específica que pareceria real. O papel de Mira Sorvino como a atriz Jeanne Crandall não é retirado do mundo real, mas é uma construção de um tipo de atriz de Hollywood, cuja resolução remete à história da própria Sorvino.

Crandall tem uma trajetória de uma atriz promissora, que recebeu boas oportunidades coadjuvantes no auge de sua beleza jovial, e viu suas possibilidades diminuírem com o tempo, remetendo à nomes de Hollywood como Veronica Lake ou Ann Sheridan. Apesar de estabelecidas e bem-conhecidas, Lake e Sheridan são exemplos de atrizes que viveram mulheres sedutoras nas telas mas não conseguiram se manter no estrelato com o passar dos anos, chegando apenas na beira do 1º escalão de Hollywood. A própria Sorvino comparou Crandall à Lana Turner, como uma atriz que sempre foi elogiada mais pela sua beleza do que pelo seu talento.

A ESCOLHA DOS FIGURANTES NO PORTÃO DO ACE STUDIOS

Uma das primeiras vezes que conhecemos Jack, ele entra em uma aglomeração de pessoas do lado de fora do portão do Ace Studios, esperando que seja escolhido a dedo para ser figurante em algum filme famoso.

Embora o Ace Studios seja completamente fictício, essa era uma prática real que costumava acontecer fora dos estúdios da Paramount na época em que Hollywood se passa, com os esperançosos tentando ser vistos pelos executivos do estúdio.

E, para ser justo, muitas vezes funcionou. Também, com a quantidade de figurantes que se usavam nas produções daquela época…

A CANÇÃO DO SUL

Quando a diretora do Ace Studios, Avis, está pensando em escolher uma atriz negra para o papel principal de seu novo projeto, Dick e Ellen falam sobre A Canção do Sul (1946), lançado pela Disney poucos anos antes, descrito por eles como um filme que que “escravos são tão felizes que nem queriam sair da fazenda em que eram escravizados”.

A Canção do Sul é inquestionavelmente o filme mais controverso da Disney, e notavelmente nunca foi lançado em vídeo – ou mesmo no novo serviço de streaming da Disney – embora um passeio baseado em seus personagens animados, Splash Mountain, ainda exista em três parques de diversão da empresa.

Embora muitas vezes se tenha afirmado falsamente que o filme só foi criticado ou considerado ofensivo pelos críticos modernos, na verdade, ele foi criticado na época por sua representação de personagens negros, que muitos achavam que era brincadeira com estereótipos racistas.

O MÁGICO DE OZ

Já no final da minissérie, um editor revela que salvou o destino de Peg copiando o filme, para impedir que o filme sofresse muitos cortes ou fosse destruído.

Ele afirma que fez a mesma coisa quando trabalhava em O Mágico de Oz (1939), sugerindo que a MGM queria cortar a música que virou a marca registrada do filme: Over The Rainbow.

Isso aconteceu de verdade. Os chefes do estúdio achavam que o número de abertura diminuía o ritmo do filme. Mas a canção acabou sendo mantida e acabaria sendo a vencedora em sua categoria no Oscar. Uma das duas estatuetas que a produção ganhou, junto com um para Judy Garland.

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