O QUE ACHAMOS DE :: A Substância

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A sensação é que ano após anos os cineastas buscam formas de contar suas histórias de uma forma em que fica difícil se enquadrar em apenas um só gênero. Algo que gosto de chamar de efeito ‘Tudo em todo lugar ao mesmo tempo’.

A Substância’ segue a mesma linha, em um longa que enche os olhos durante suas mais de 2h de duração. Conforme a sinopse oficial: “após ser demitida da TV por ser considerada “velha demais” para ser atriz, Elisabeth Sparkle (Demi Moore) recorre a um sinistro programa de aprimoramento corporal. A substância milagrosa promete rejuvenescê-la, mas resulta em uma transformação ainda mais radical. Ela agora precisa dividir seu corpo com Sue (Margaret Qualley), sua versão jovem e melhorada, e, aos poucos, começa a perder completamente o controle da própria vida.”

Coralie Fargeat traz em sua direção um universo único. Uma fotografia bem marcada que deixa claro sobre os momentos em que estamos passando na história. Ângulos extremamente fechados, coloridos e unidos a efeitos sonoros que criam total desconforto ao telespectador. Para auxiliar nisso tudo, as brilhantes atuações da experiente Moore, que se despe de toda a vaidade que a profissão lhe impõe e se entrega em todos os momentos dramáticos, de terror e até cômicos em alguns momentos; e a novata Qualley que consegue mostrar a vaidade de se deixar levar em um mundo que te ama devido sua beleza.

Tudo perfeito, se não fosse pelo roteiro, também assinado por Fargeat. Coralie tem uma grande mensagem a ser mostrada e discutida: a cobrança da indústria audiovisual pelo estereótipo perfeito, o etarismo que não deixa grandes talentos ainda realizarem seus trabalhos e a busca por novos rostos gerando até mesmo uma disputa feminina em um universo quase que majoritariamente comandada por homens. Porém, a busca pelo grotesco, pelo incomodo e por esse universo ficcional leva até o telespectador se questionar em alguns momentos sobre sua inteligência.

Como foi que ela aprendeu a utilizar todos esses materiais sozinha? Como em uma versão anterior ela tinha dificuldades em andar e agora ela corre? Uma atriz de sucesso deste calibre sequer tinha uma agente que cuidava da carreira e estaria próxima? Entre outras perguntas simples, que poderiam ter respostas simples e trariam mais profundidade e embasamento para construção dessas personagens dentro de um universo que se baseia em algo real.

Sobre o terceiro ato ainda me questiono: será que realmente era necessário?

‘A Substancia’ está longe de ser algo ruim e que não valha a pena ser visto. Pelo contrário. É um filme que sem dúvidas tocara em lugares diferente e irá gerar reações diferentes em cada telespectador. Um refresco para o gênero que a um tempo carece de personagens marcantes; Porém, não é um filme para todos. Ao buscar o lugar de arriscar-se, cria um universo que se torna inverossímil e que pode afastar parte do público.  

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